Dr. FLÁVIO TOCCI - ARTIGOS

FRUTAS FRESCAS REDUZEM DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Foi publicado esta semana na conceituada chamada New England Journal of Medicine um estudo que reanalisou a relação entre o consumo de frutas frescas e o risco cardiovascular.
As doenças cardiovasculares são aquelas que afetam o coração e as artérias. A principal característica das doenças cardiovasculares é a presença da aterosclerose, acúmulo de placas de gorduras nas artérias ao longo dos anos que impede a passagem do sangue.
O estudo foi feito na China devido ao baixo consumo de frutas frescas no país e um índice elevado de acidentes vasculares encefálicos (derrame).

Foram acompanhados cerca de 512 mil pessoas por cerca de 4 anos. Os resultados observados foram que no grupo que consumia frutas frescas a pressão era mais baixa (4 mmHg) e os níveis de glicose menores (9mg/dL). Em relação ao risco de morte cardiovascular a razão de chances foi de 0,6 contra o grupo que não consumia frutas, 0,66 para o desenvolvimento de infarto, 0,75 para acidente vascular encefálico isquêmico e 0,64 para acidente vascular encefálico hemorrágico. Foi demonstrado uma relação linear de redução do risco conforme a quantidade de frutas consumidas por dia.

Os dados estão alinhados com outros estudos que demonstraram a relação do consumo de frutas frescas e diminuição do risco cardiovascular. No Brasil os últimos dados mostram que apenas 23,6% da população consome uma quantidade adequada por dia de frutas frescas apesar da disponibilidade e acessibilidade destes alimentos no nosso país.

Não esqueça de consumir pelo menos de 3 a 4 porções de frutas frescas durante o dia.

COLESTEROL ALTO DE MÃE PARA FILHO

Um estudo recentemente publicado na revista JAMA Cardiology, por pesquisadores da universidade de Harvard, analisou a relação dos níveis elevados de LDL colesterol (LDL-c) materno e sua influência nos níveis de colesterol de seus filhos. O estudo teve como base os dados do estudo populacional "Framigham Heart Study" e analisou as amostras das mães quando grávidas e de seus filhos depois com cerca de 26 anos de idade. Foram acompanhados 538 casais e foi utilizados os níveis de colesterol paternos para verificar a influência de sua contribuição.

Existem dois tipos de colesterol: o HDL (chamado de o bom colesterol), o LDL (chamado de o mau colesterol). Foi observado que níveis elevados de LDL-c materno (acima de 130mg/dL) representam um risco de 3,8 vezes de desenvolver níveis elevados de LDL-c nos filhos. Níveis paternos elevados de LDL-c não demonstraram relação com os níveis de seus filhos. E os níveis de LDL-c maternos explicaram 13% da variação individual dos seus filhos no LDL-c, depois de desconsiderar as influências das variantes genéticas comuns e outros fatores de risco.

O estudo trouxe novas evidências sobre a prevenção cardiovascular ao identificar um fator etiológico novo e que não possuía abordagem na prática clínica. O que irá reforçar a importância de um acompanhamento durante a gestação com foco na melhora da nutrição das gestante e manutenção de atividade física com o objetivo de manter níveis saudáveis de LDL-c.

O que reforça a importância de um pré-natal realizado com seu médico e equipe multiprofissional para alcançar uma gestação segura.

REPOSIÇÃO DE TESTOSTERONA EM HOMENS IDOSOS

Foi publicado neste mês de fevereiro na conceituada revista New England Journal of Medicine o resultados dos três primeiros estudos que avaliaram o tratamento de reposição de testosterona em homens idosos. Após um ano de tratamento em cera de 790 homens com mais de 65 anos, foi observado que o tratamento pode melhorar a função sexual, humor e sintomas depressivos. Mas não houve influência em relação a percepção de vitalidade. 

No entanto, não foram avaliados os efeitos que a medicação possui sobre o sistema cardiovascular e uma possível relação com o aumento de derrame ou infarto do coração. Portanto, a prescrição deve ser avaliada pelo seu médico na presença da deficiência de testosterona e sintomas clínicos da falta do hormônio. Após a avaliação do histórico cardiovascular de cada paciente.

Segundo o consenso Latino-Americano de DAEM (Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino) ou Hipogonadismo Tardio do Adulto (HTA) difere do seu equivalente feminino, a menopausa, em vários aspectos: não ocorre em todos os homens que envelhecem, raramente apresenta sintomas ou sinais típicos, como os fogachos, e não se manifesta em uma faixa etária estreita. Essas características tornam a suspeita diagnóstica, e o próprio diagnóstico, mais difíceis.

O critério para diagnóstico da DAEM, ou HTA, baseia-se na coexistência de níveis baixos de testosterona total ou livre (dosada por diálise de equilíbrio ou calculada) no sangue com sinais e sintomas compatíveis com hipogonadismo. Estes sinais podem ser representados por diminuição do libido, disfunção erétil, aumento da gordura corporal, perda de massa muscular, perda de massa óssea, sintomas depressivos, percepção de piora da vitalidade, diminuição de pelos e anemia.

ESTATINAS EM PACIENTES COM MENOS DE 75 ANOS E FATORES DE RISCO

O painel de especialistas em medicina preventiva "United States Preventive Services Task Force" (USPSTF), que assessora o governo americano nas orientações de medicina preventiva nos Estados Unidos, liberou novas recomendações a respeito do uso da estatinas na prevenção de doenças cardiovasculares. Para pacientes entre 40 e 75 anos com fatores de risco para doença cardiovascular com risco elevado ou moderado possui forte evidência de benefício. Já nos pacientes de baixo risco deve ser individualizado caso a caso.

O uso em pacientes com mais de 75 anos ainda permanece com recomendação que sejam individualizado devido a poucos estudos que avaliam esta população.

O rastreamento da hipercolesterolemia em crianças e adolescentes com menos de 20 anos também recebeu uma recomendação de individualização devido a falta de estudos que analisem está situação. O que gerou a não recomendação de rastreamento universal nesta população. Apesar da hipercolesterolemia familiar, uma doença genética, que pode gerar níveis elevados de colesterol desde a infância e levar a morte prematura cardiovascular com cerca de 30 anos, caso não seja tratada precocemente.

Por isso, é importante realizar o acompanhamento periódico com seu médico e seguir as recomendações fornecidas na consulta.

NOVA META PARA A PRESSÃO ARTERIAL

Foi divulgado agora no final de novembro na importante revista New England Journal of Medicine conjuntamente com o congresso americano de cardiologia da American Heart Association os resultados do estudo SPRINT. Ele trouxe importantes dados em relação ao tratamento da hipertensão arterial sistêmica. (Systolic Blood Pressure Intervention Trial)

O estudo contou com 9.250 participantes que possuíam mais de 50 anos de idade, pressão arterial sistólica entre 130 e 180mmHg e risco cardiovascular aumentado. Não participaram do estudo pacientes diabéticos, com insuficiência renal avançada e acidente vascular encefálico prévio. Os participantes foram divididos em dois grupos, um de tratamento intensivo com meta de pressão arterial menor que 120mmHg e o outro grupo com tratamento conservador e meta menor que 140mmHg. A média de pressão obtida no grupo de tratamento intensivo foi de 121.4 mmHg e no conservador de 136.2mmHg.

O estudo precisou ser interrompido com 3,26 anos de acompanhamento devido a diminuição de eventos significativa no grupo de paciente no tratamento intensivo em relação ao conservador. Houve uma diminuição de mortalidade de 27% no grupo de tratamento intensivo. E uma diminuição de eventos de 1.65% por ano no grupo intensivo contra 2.19% por ano no grupo conservador.

No entanto, no grupo de tratamento intensivo foram observados maior número de episódios de hipotensão, sincope, alteração em eletrólitos e perda de função renal.

Estes achados apresentados pelo estudo trazem novas informações que devem ser avaliada pelo seu médico no seu tratamento. As recomendações do último consenso americano de hipertensão orientavam que em paciente com mais de 60 anos de idade as metas de tratamento seriam abaixo de 150/90mmHg. pois observou-se um benefício incontestável com a redução do alvo terapêutico de 140 para 120.

ENERGÉTICOS AUMENTAM A PRESSÃO ARTERIAL

Um estudo recente realizado por pesquisadores da Mayo Clinic publicados no jornal da Associação Médica Americana (JAMA) demonstrou que em voluntários sadios o uso de bebidas energéticas aumenta tanto os valores da pressão sistólica quanto diastólica. A bebida avaliada possuía 240mg de cafeína em 480 ml do energético. No Brasil, as bebidas energéticas possuem em média 50 a 160mg de cafeína em 250ml. E como comparação, no nosso café possuímos em média 100mg de cafeína em 250mL da bebida.

O aumento observado na pressão sistólica foi de 6,2% e de 6,8% na diastólica. Os níveis de noroepinefrina também tiveram um aumento significativo. O que demonstra um efeito nocivo na saúde cardiovascular.

No entanto, são necessários estudos com um número de participantes maior e por um tempo prolongado para que possamos avaliar os impactos a saúde do consumo destas bebidas.

Mas não podemos nos esquecer, que caso você faça consumo de bebidas energéticas, informe seu médico durante a consulta para avaliar se existe alguma contra-indicação no seu caso.

INFLUÊNCIAS DO VINHO E SEU CONSUMO EM PACIENTES DIABÉTICOS

Médicos israelenses publicaram este mês na revista americana Annals of Internal Medicine os resultados do estudo Cardiovascular Diabetes and Ethanol trial(CASCADE) conduzido com 224 pacientes com diabetes. O estudo analisou as influências do consumo de vinho em pacientes diabéticos durante 2 anos de seguimento. Os pacientes foram divididos em três grupos: vinho tinto, vinho branco e controle. A quantidade de vinho ingerida por dia era de 150ml. Todos os grupos seguiram orientações de dieta mediterrânea em conjunto.

Os resultados mostram uma discreta melhora nos níveis de colesterol HDL no grupo do vinho tinto e nos níveis de glicemia no grupo do vinho branco. E pequena redução nos níveis de triglicérides nos grupos que tomaram vinho.

O estudo apesar de ser prospectivo, possui limitações devido ao pequeno tamanho dos grupos e por ter analisado apenas variáveis metabólicas. Novos estudos prospectivos com populações maiores e avaliações de desfechos cardiovasculares e de mortalidade são necessários para que possamos recomendar a ingesta de vinho com o objetivo de prevenção cardiovascular. E não podemos esquecer que o consumo de álcool pode causar dependência, caso não seja feito com moderação.

COCHILO AO MEIO DIA REDUZ PRESSÃO SANGUINEA

Foi apresentado no Congresso Europeu de Cardiologia, que ocorreu este mês na cidade de Londres, um estudo grego sobre os benefícios da sesta no controle de pressão. O estudo foi conduzido pelo Dr Manolis Kallistratos em uma corte com cerca de 300 pacientes. E demonstrou que aqueles que dormiam pelo menos 60 minutos após o almoço apresentavam uma redução de cerca de 6 mmHg na média da pressão sistólica e tomavam uma quantidade menor de remédios para controlar a pressão. A redução apesar de ser pequena, é significativa, já que a cada 2 mmHg de redução diminuímos em 10% o risco cardiovascular.

Os mecanismos que possam explicar esta redução ainda estão em investigação, mas devem envolver uma redução da resposta simpática do organismo. Estudos mais detalhados são necessários para verificar o efeito em pacientes com hipertensão arterial de difícil controle. Mas a mensagem que fica é que os pacientes hipertensos podem beneficiar-se com um cochilo após o almoço.

REDUZA O DECLINIO DA MEMÓRIA

Pesquisadores da Universidade Rush de Chicago publicaram na revista Alzheimer´s and Dementia os resultados da dieta MIND. A dieta consiste em um hibrido entre as recomendações da dieta Mediterrânea e a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension - dieta para reduzir a hipertensão), ambas com evidência na diminuição do declínio cognitivo em pacientes idosos. O estudo foi observacional e contou com 960 participantes durante um período médio de 4,7 anos do projeto "Memory and Aging" da Universidade.

A dieta MIND possui 15 componentes principais, divididos em 10 saudáveis ao cérebro e 5 não saudáveis. A orientação era da restrição dos alimentos não saudáveis, especialmente manteiga (<1 colher/dia), e doces, carne vermelha, queijos amarelos, frituras ou fast food (< 1 porção por semana para qualquer um deles). E para os alimentos saudáveis, seriam necessários o consumo de pelo menos 3 porções por dia de cereais integrais, folhas verdes, vegetais associado a um copo de vinho. Eles também teriam que consumir um pequeno lanche com castanhas, feijão em dias alternados, aves e frutas vermelhas pelo menos 2 vezes por semana, e peixes uma vez por semana. A única fruta permitida na dieta são as frutas vermelhas (berries).
Após aplicarem os testes cognitivos eles observaram que os pacientes com melhor aderência tiveram uma melhora de 7,5 anos durante um período de 5 anos em comparação ao grupo com pior aderência.

Os dados apresentados contribuem para uma melhor orientação nutricional, mas não devem ser interpretados como mais uma nova "dieta" na guerra do modismo das dietas. Os princípios da dieta MIND são baseados nas duas principais orientações nutricionais para prevenir doenças cardiovasculares a dieta Mediterrênea e a DASH. Um coração sadio irá refletir em um cérebro mais ativo, já que o sistema vascular irá levar oxigênio e os nutrientes necessários para as células necessitam para enfrentar o processo do envelhecimento.

CHOCOLATE AMIGO DO PEITO

Um estudo recente publicado na revista "Heart" de cientista da universidade Aberdeen avaliaram dados do estudo EPIC Norfolk, que teve 21 mil participantes, além de estudos na literatura sobre consumo de chocolate e doença cardiovascular.

Após a análise dos dados, os cientistas observaram que os participantes que consumiram chocolate tiveram uma chance 11% de desenvolver doença cardiovascular, e uma chance 25% menor de morrer dela. Aqueles que possuíam um consumo mais alto também demonstraram um risco menor de 23% de desenvolver acidente vascular cerebral. Os resultados foram válidos tanto para chocolate meio amargo como ao leite.

Um ponto interessante na análise é que os pacientes apresentaram níveis pressórico menores, menor chance de diabetes e marcadores inflamatórios em níveis menores ao outro grupo. No entanto, o grupo que consumia chocolate tinha um IMC menor e praticava maior quantidade de atividade física.

Devido ao tipo de estudo, não podemos concluir que comer chocolate protege contra doença cardiovascular. Mas populações que possuem um consumo regular apresentam menor risco de
doença cardiovascular.

Mas lembre, chocolate deve ser consumido com moderação e os chocolates meio amargos possuem uma quantidade menor de açucares. E consulte seu médico e nutricionista e siga
suas orientações.

Você pode estar em pré-diabetes. Veja os riscos

A pré-diabetes é um estágio inicial de intolerância à glicose.
Ela é caracterizada através da observação de uma ou mais alterações abaixo: 

-NÍVEIS DE GLICEMIA EM JEJUM ENTRE 100 E 125 mg/dL

-GLICEMIA  ENTRE 140 E 199 mg/dL NO TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG)

-HEMOGLOBINA GLICADA (HbA1c) entre 5,7 E 6,4%

Aproximadamente 70% dos pacientes que apresentam pré-diabetes vão desenvolver a diabetes tipo 2 com o tempo. A grande importância na sua detecção reside no fato de aumentar a conscientização dos pacientes a respeito dos riscos e consequências da diabetes tipo 2.

A medida mais importante e com melhores resultados consiste na redução do peso corporal em pelo menos 7% e realização de atividade física de moderada a vigorosa por pelo menos 150 minutos por semana. Diversos estudos clínicos demonstraram uma redução de cerca de 60% no risco do desenvolvimento da diabetes.

O seu médico também pode avaliar outras alternativas como o uso de medicamentos nesta situação, após individualizar os riscos do paciente.

Vacine-se contra a gripe

O inverno vem chegando e a frequência de infecções respiratórias aumenta bastante. Nos últimos anos as infecções causadas pelo vírus influenza causam preocupação devido a seu poder de causar infecções mais sérias e que podem levar até a morte.

Os grupos mais suscetíveis como crianças, grávidas e idosos devem se proteger com maior cuidado e a vacinação é de grande importância. Os postos de vacinação já iniciaram a campanha de vacinação que vai até 22 de maio.

Este ano temos uma novidade que é a vacina tetravalente disponível nas clínicas particulares, que possui cobertura para as duas linhagens de influenza B. As vacinas contra gripe contem uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B (linhagem Yamagata ou Victoria).
As novas vacinas quadrivalentes licenciadas em 2015 contemplam, além dessas três, uma segunda cepa B e portanto, assim, nas vacinas quadrivalentes teremos as duas linhagens B: Yamagata e Victoria. Como as trivalentes, as vacinas quadrivalentes são inativadas e não possuem adjuvantes em sua composição.

Desde o ano 2000 temos observado, em todo o mundo, a co-circulação das duas linhagens de vírus influenza B (Victória e Yamagata) num mesmo ano. Em cerca de 50% das vezes, a linhagem B contida na vacina não é coincidente com a que predomina numa temporada. Este não pareamento pode reduzir de forma considerável o perfil de efetividade da vacina numa determinada estação.

Em 2015, a vacina que será utilizada na Campanha de Vacinação contra a Gripe do Ministério da Saúde será a trivalente, contendo uma cepa AH1N1, uma cepa AH3N2 e uma cepa B linhagem Yamagata.

A Sociedade Brasileira de Imunização recomenda o uso preferencial, sempre que disponível, das vacinas quadrivalentes, pelo seu maior espectro de proteção. Porém, reforça que, na indisponibilidade do produto, a vacina trivalente deve ser utilizada de maneira rotineira, especialmente em grupos de maior risco para o desenvolvimento de formas graves da doença, mantendo a recomendação de vacinação universal.

Vale lembrar, caso tenha alguma dúvida consulte o seu médico antes de ir vacinar.

E não se esqueça, uma ação fundamental para diminuir a circulação dos vírus da gripe é a adoção de hábitos simples. Confira:

- Higienizar as mãos com frequência;
- Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
- Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
- Não partilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal;
- Evitar aperto de mãos, abraços e beijo social;
- Reduzir contatos sociais desnecessários e evitar, dentro do possível, ambientes com aglomeração;
- Evitar visitas a hospitais;
- Ventilar os ambientes.

Mude seus hábitos para prevenir dores nas costas

Um estudo conduzido pela Universidade de Sidnei – Austrália apontou que o maior fator de risco para o desenvolvimento das dores nas costas (lombalgia) agudas foi a distração. Eles também observaram que existe uma maior prevalência de inicio das dores entre as 7 horas das amanhã e o almoço, e pessoas com mais de 60 anos tem menor chance de desenvolver em relação aos jovens.

Foram avaliados no estudo os seguintes gatiLhos físicos: carregar peso, trabalhar com objetos longe do corpo, carregar pessoas ou animais e posições instáveis (escorregar, viagens ou queda), realizar atividades físicas de maneira intensa e atividade sexual. Em relação aos gatilhos psicológicos foram avaliados o consumo de álcool, fadiga e estar distraído na realização de atividades.

Um risco maior de desenvolvimento da lombalgia foi associado ao gatinho psicológico de estar distraído durante a realização de uma atividade, a chance foi 25 vezes maior nestes casos. Em relação ao gatilho físico o maior risco foi observado em tarefas manuais em posições desconfortáveis, com risco 8 vezes maior.

Na avaliação geral dos gatilhos tivemos a seguinte disposição:

- Estar distraído ao realizar atividades – risco 25x

- Posição desconfortável – risco 8x

- Trabalhar com objetos longe do corpo – risco 6,2x

- Carregar pessoas ou animais – risco 5,8x

- Posições instáveis – risco 5,1x

- Carregar peso – risco 5,0x

- Realizar atividades físicas de maneira intensa  apenas– risco 3,9x

- Fadiga – risco 3,7x

- Atividade física moderada  ou intensa – risco 2,7x

- Consumo de álcool – sem relação

- Atividade sexual  - sem relação

Estes dados trazem uma boa contribuição no conhecimento dos gatilhos das lombalgias agudas. E ajudam a traçar estratégias junto aos pacientes para maior atenção na realização de suas tarefas para evitar o desenvolvimento da doença. 

Lembre no caso de sintomas de lombalgia, consulte o seu médico.

Sono ruim pode esconder doenças

Uma boa noite de sono é fundamental para recuperação do nosso organismo e para um despertar saudável na próxima manhã.

Um painel de especialistas da Fundação Nacional do Sono publicou este mês na revista "Sleep Health: The Official Journal of the National Sleep Foundation" os intervalos de sono ideais para cada faixa etária. Na faixa de adulta de 18 a 64 anos é recomendado de 7 a 9 horas. E adultos mais velhos (acima de 65 anos) de sete a oito horas de sono.

No entanto, muitos pacientes possuem uma qualidade de sono ruim e que podem esconder doenças como sua causa. Como exemplos, podemos citar:
- A ansiedade que pode causar períodos de insônia e despertares precoces ou uma qualidade de sono ruim.
- A depressão que pode causar sono excessivo ou a falta dele.
- A apnéia do sono, que de maneira simplificada pode ser descrita como pausas respiratórias durante o sono, causa sonolência diurna e cansaço excessivo.
Os distúrbios do sono são inúmeros e devem ser pesquisados caso exista alguma alteração.  O primeiro ponto que devemos lembrar é a higiene do sono. Como orientações gerais temos:

- Tente dormir sempre em um horário regular. Não ir para a cama sem sono.
- O quarto de dormir deve ser calmo, silencioso e bem ventilado.
- Evite assistir televisão, verificar os emails no computador, tablets ou smartphones antes de dormir.
- Crie uma rotina de relaxamento antes de dormir.
- Evite atividade física pelo menos 3 horas antes de dormir.
- E evite fumar ou consumir café, bebidas com cafeína ou alcoólicas de 4 a 6 horas antes de dormir.

Caso esteja seguindo estas recomendações e ainda apresente um sono ruim, consulte o seu médico para uma investigação detalhada.

Você deveria tomar estatinas?

Uma importante meta-análise conduzida pelo grupo do Dr. Colin Baigent da Universidade de Oxford sobre estudos com estatinas (medicação para o tratamento do colesterol elevado) foi publicado este mês na importante revista britânica Lancet. Foram avaliados no total 27 grandes estudos que envolveram 174.149 pacientes, sendo 27% deles mulheres.

O objetivo era verificar se um conceito que ganhava espaço na sociedade cientifica seria verdadeiro, as mulheres possuiriam uma menor proteção cardiovascular com o uso das estatinas em relação aos homens.

A cada redução de 1 mmol/L de LDL colesterol (cerca de 38,26 mg/dL - unidade adotada no país para os níveis de colesterol) existe uma redução de 21% no risco cardiovascular de desenvolver um infarto, AVC (derrame), cirurgia de revascularização ("ponte de safena") ou morte.  

O estudo encontrou dados semelhantes para homens e mulheres, o que respalda que para um risco cardiovascular semelhante o efeito da medicação é comparável. Portanto, o uso da medicação é seguro e fornece uma proteção igualmente eficaz entre os gêneros.

Envelhecimento: Ganhe a corrida contra o tempo

Um novo estudo foi publicado na revista inglesa British Medical Journal a respeito dos efeitos da dieta mediterrânea. O estudo, conduzido pela equipe da pesquisadora Immaculata De Vivo da Universidade de Harvard fez uma análise dos efeitos da dieta em uma população do estudo Nurse´s Health Study avaliando a adesão à dieta mediterrânea e o tamanho do telômero (um marcador do envelhecimento celular). Foi observado que quanto maior a adesão à dieta maior o tamanho do telômero. O que pode explicar um dos mecanismos envolvidos na proteção que a dieta mediterrânea traz.

Os telômeros são sequências de DNA que se repetem ao final dos cromossomos e com o passar dos anos tem seu tamanho diminuído. Diversos fatores tem sido ligados a redução do tamanho dos telômeros como situações de estresse oxidativo aumentado, tabagismo, inflamação, obesidade e outros hábitos de vida.

A dieta mediterrânea é rica no consumo de frutas, vegetais, legumes, nozes, grãos integrais, azeite, peixe, em um consumo moderado de vinho e reduzido de derivados de leite, carne vermelha e aves.

Os dados apresentados reafirmam os dados de proteção da dieta mediterrânea apresentados no estudo Prevención Dieta Mediterránea (PREDIMED) conduzido na Espanha, publicado ano passado  que evidenciava a proteção da dieta em relação às doenças cardiovasculares em pacientes com alto risco cardiovascular.

Uso prolongado de celulares e tumores cerebrais

Um estudo da universidade de Orebro, na Suécia, associou uma maior prevalência de tumores cerebrais em indivíduos que utilizaram celular por mais de 25 anos e iniciaram o uso de celular ou telefone sem fio com menos de 20 anos. O estudo do tipo caso-controle avaliou casos de 1498 pessoas com gliomas em comparação a 3530 casos sem doença. O maior risco foi associado aos pacientes que utilizaram por mais de 25 anos celular.   

Os resultados em relação ao uso de celular e telefone sem fio são ainda controversos em seus efeitos a saúde. Mas a possibilidade de algum efeito adverso é uma importante questão de saúde pública e que deve a continuar a ser executada.

A principal mensagem que estes estudos passam é evitar o uso prolongado destes aparelhos, utilizar dispositivos com headfones e não expor as crianças precocemente ao seu uso.

E aguardar novos estudos que possam trazer novas evidências e análises sobre o uso dos celulares e telefones sem fio.

O estilo de vida e o AVC em mulheres

AVC EM MULHERES MADURAS

Estudo publicado este mês no jornal Neurology. pela equipe do  Instituto Karolinska da Suécia, evidenciou que hábitos saudáveis podem reduzir em 54% o risco de acidente vascular cerebral em mulheres. Foram analisados 31.696 mulheres, com cerca de 60 anos, através de um questionário que abrangia 350 itens em relação aos seus hábitos de vida. E foram definido 5 fatores principais: dieta saudável, consumo moderado de álcool, não fumar, atividade física regular, índice de massa corpórea (IMC) menor que 25 kg/m2. 

A maioria das mulheres possuíam de 2 a 3 fatores. Apenas 589 mulheres tiveram os 5 fatores em conjunto.E 1.535 não tinham nenhum dos fatores.

O estudo demonstrou que mesmo isoladamente cada fator de risco já proporciona uma proteção. Por exemplo, as mulheres que apresentavam uma dieta saudável tiveram uma redução de 13% na chance de desenvolver um AVC. E a associação destes hábitos representou uma diminuição progressiva do risco até 54%.

O sal ainda é o vilão da pressão alta?

SAL E HIPERTENSÃO

Novos estudo publicados na revista New England of Medicine trouxeram novas evidências a respeito da relação entre o o sal com a pressão arterial e a mortalidade das doenças cardíacas. Os consensos atuais orientam uma ingestão de sódio entre 1.5 a 2.4g/dia (3,75 a 6g de sal) para auxiliar no controle da pressão.

O estudo PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology) analisou a relação entre a pressão arterial e o consumo de sódio. Este estudo demonstrou uma relação não linear entre a pressão arterial e o consumo de sódio bem como um aumento importante da pressão apenas com consumos acima de 3,5 - 4g/dia.

Já o estudo NutriCoDE (Global Burden of Diseases Nutrition and Chronic Diseases Expert Group) analisou a excreção urinária de sódio e a mortalidade cardiovascular em 101.945 pacientes de 17 países. Este estudo demonstrou que existe um aumento da mortalidade cardiovascular para níveis acima de 5g/dia de excreção de sódio. Mas o dado mais significativo foi que para níveis abaixo de 2g/dia existiria um aumento de mortalidade.

Foi concluído que consumos entre 3-6g de sódio ao dia foram os que demonstraram menor risco cardiovascular.

O que podemos interpretar destas novas avaliações é que estudos clínicos multicêntricos de longa duração são necessários para termos dados mais precisos. No entanto, demonstra que talvez sermos tão restritos no consumo de sal não seja o melhor caminho e devamos analisar cada paciente e sua resposta às modificações dietéticas.  Moderação é o caminho.


VACINAS EM ADULTOS

Não é raro nas consultas, ao questionar os pacientes em relação as vacinas que ele já tomou e sobre o seu cartão de vacinação, a resposta: Nossa acho que meu cartão deve estar com a minha mãe ainda. 

No Brasil, temos uma boa cultura de vacinação na infância e que fica evidente pelos bons resultados observados nas campanhas promovidas pelos postos de saúde. No entanto, na fase adulta os pacientes muitas vezes se esquecem em atualizar o calendário com vacinas que agora estão disponíveis e que não existiam em sua infância, além do reforço necessário as vacinas já realizadas. 

Em adultos são recomendadas as vacinas tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), hepatites A e B, HPV (entre 9-26 anos), difteria-tétano-coqueluche (dTpa), influenza (gripe), meningocócica (em risco aumentado) e febre amarela. E nos idosos a vacinação pneumocócica conjugada 13 e 23.

Importante lembrar que o seu médico deve fazer uma avaliação de seu estado de saúde e histórico médico para prescrever as vacinas necessárias. Atualmente boa parte delas podem ser tomadas em postos de saúde da rede pública.

Outro ponto que não pode ser esquecido é sempre consultar o seu médico quando for realizar viagens internacionais para verificar as vacinações necessárias para a região de destino e as orientações médicas para a viagem. Não esqueça de agendar com uma antecedência de pelo menos um mês para ter tempo de tomar as vacinas necessárias e que seu efeito de proteção já esteja efetivo quando estiver viajando.

Prevenir uma doença é muito mais simples do que tratá-la.

VICTOZA

Foi apresentado no congresso da Associação Americana de Endocrinologia este mês o resultado do estudo SCALE. Esta pesquisa estudou o efeito da liraglutida (nome comercial Victoza) em 3.731 pacientes que possuíam obesidade ou sobrepeso associado a uma comorbidade. Um grupo de participantes recebeu a medicação em uma dose mais elevada do que em relação a dose usual para diabetes. E o outro nenhuma medicação. Ambos foram orientados em relação a dieta e atividade física.

Após 56  semanas, 2.590 pacientes completaram o estudo e foi observado no grupo que foi tratado com a medicação uma perda média de 8% (cerca de 8,4 kg) contra 2,6% (cerca de 2,8kg) nos que não receberam a medicação. Assim como melhorias no controle da pressão arterial e perfil do colesterol. Os efeitos adversos mais frequentes foram  a sensação de enjoo e vômitos em relação ao uso da medicação, mas com diminuição conforme o tempo de uso dela.

Este estudo respalda o uso da liraglutida em doses mais altas no tratamento da obesidade. As novas informações somam novos dados sobre a droga e seus efeitos que vão além do tratamento da diabetes. O que possibilita sua inclusão no arsenal terapêutico do tratamento da obesidade.

Vale lembrar que as modificações do estilo de vida como a reeducação alimentar e a prática de atividade física são pilares fundamentais no tratamento da obesidade e nunca devem ser excluídos de um plano de tratamento. O acompanhamento médico e nutricional é que irão auxiliar no planejamento do tratamento mais adequado ao seu caso.

OMEGA-3 e OMEGA-6

Este mês uma meta-análise de estudos sobre a associação entre o risco cardiovascular e gorduras saturadas foi novamente colocado em discussão após a publicação de estudo britânico na renomada revista americana  Annals of Internal MedicineO estudo afirma que as orientações atuais de promover um alto consumo de gorduras poli-insaturadas de Omega-3 e Omega-6 não demonstrou a redução do risco em comparação ao consumo de gorduras saturadas.

No entanto, aqueles que já estavam comemorando a troca do salmão pela linguiça no churrasco vão ter que esperar um pouco. O aumento no consumo de alimentos com Omega-3 e Omega-6 tem sido debatido nos últimos anos e até o momento não existem evidências suficientes para defendermos seu uso terapêutico. Mas o consumo de gordura saturada deve ser reduzido para diminuir as doenças cardiovasculares.

Novos estudos em andamento devem trazer importantes informações deste tema e temos que aguardar um pouco. Mas enquanto isso, devemos promover mudanças no estilo de vida. Como a realização de atividade física regular e melhora do padrão alimentar com a diminuição de gorduras e açucares e aumento na ingestão de verduras, legumes e frutas.